Já parou pra pensar no que se baseia sua alimentação?
Pensa comigo: você vai pro trabalho e segue direto pra faculdade. O que você come nos intervalos? Salgadinhos, bolachas recheadas e um refrigerante pra complementar?
Outra situação: você está em casa, sozinha, e precisa almoçar. Fazer almoço é demorado e você opta por pedir alguma comida pronta no delivery ou esquenta aquela lasanha congelada no microondas. A vida precisa ser prática, não é mesmo? Mas você já parou pra pensar no custo disso?
Ainda somos jovens e saudáveis, entretanto, o tempo passa e com ele vai a saúde. Construímos HOJE o corpo que queremos ter no futuro. Não me refiro a estética; sim ao funcionamento da morada do Espírito Santo.
Michael Pollan escreveu um livro muito esclarecedor chamado “Em Defesa da Comida”. Lá ele cita as chamadas Doenças Ocidentais: obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer. Cada uma dessas doenças está ligada diretamente aos hábitos alimentares da população. A dieta ocidental (diferente da asiática, da mediterrânea e dos povos orientais em geral) é baseada em farinha e açúcar, além de três grãos que se tornaram a base da alimentação de pessoas e animais: trigo, milho e soja. Reduzimos a diversidade biológica da dieta humana a poucos alimentos básicos.
Essa mudança construiu a “dieta ocidental que achamos natural: montes de alimentos e carne processados, montes de gordura e açúcar adicionados, montes de tudo — exceto hortaliças, frutas e grãos integrais”. Neste livro o autor conta a história dos alimentos que encontramos hoje no mercado: como a farinha chegou a ser branca e com ferro e ácido fólico adicionado, como o sabor dos alimentos é manipulado pela indústria, como a indústria publicitária nos vende produtos pela embalagem (produtos que nem sequer podem ser chamados de comida) e como as doenças movem a indústria (sim, as doenças! Tem muita gente ganhando dinheiro com o adoecimento da população).
Se eu entendo que meu corpo é Templo do Espírito Santo e que preciso cuidar dele para possa chegar à velhice estando minimamente saudável, preciso avaliar HOJE o que estou comendo. Aquilo que como vai se tornar a base de construção dos meus tecidos corporais. Será que eu realmente quero que meu corpo seja construído de farinha e açúcar? Certamente você vai me dizer que tudo que é gostoso é feito com esses dois ingredientes… e eu concordo com você. Só não posso basear minha alimentação diária nisso. Nosso corpo precisa de variedade alimentar para suprir minha necessidade nutricional; aquela famosa frase das “cinco cores no prato”.
Existe uma classificação dos alimentos de acordo com o grau de processamento:
- in natura: são aqueles obtidos diretamente da natureza sem sofrer nenhuma alteração (exceto limpeza e higienização). Exemplos: frutas, verduras, hortaliças, ovos, mel, água.
- minimamente processados: Alimentos que passaram por alterações mínimas na sua constituição original, sem ter nenhuma substância adicionada: arroz, feijão, leite, frutas secas, castanhas, carnes, iogurtes.
- processados: alimentos in natura e minimamente processados, aos quais foram adicionados sal, açúcar ou outra substância de uso culinário. Exemplo: pão, bolo, conservas, frutas em calda e cristalizadas, queijos, carne seca.
- ultraprocessados: são alimentos produzidos pela indústria e normalmente apresentam grande lista de ingredientes, muitos deles irreconhecíveis como alimentos (edulcorantes, acidulantes, corantes, conservantes). Na maioria das vezes são recheados de gordura, sal e açúcar, muito além do recomendado. São prontos para consumo, demandando pouco ou nenhum preparo. Exemplos: aquela bolacha recheada que falamos no começo, a lasanha congelada, refrigerante, salgadinhos, sorvetes, bebidas lácteas, pão industrializado, barrinhas de cereais (uau!), temperos prontos e mais uma lista gigantesca.
Uma alimentação adequada precisa ser baseada nos dois primeiros itens: alimentos in natura e minimamente processado. Não estou dizendo que você nunca mais vai comer uma bolachinha recheada; você pode fazer escolhas: eu estou com vontade de comer bolachas, por isso comprarei bolachas caseiras, feitas com ingredientes que eu conheço e que tenho na minha despensa. Estou com vontade de uma bebida doce: faço um suco natural e coloco um quinto do açúcar que viria em uma bebida engarrafada. São escolhas diárias: eu opto por alimentos que não venham prontos na estante do supermercado.
APRENDA A LER O RÓTULO.
Isso vai mudar sua vida, garanto! Sempre que tiver na lista de ingredientes do produto alguma substância que você não tenha na sua despensa, não compre e escolha outro semelhante, mas sem esses ingredientes. No começo parece ser um tanto trabalhoso fazer isso, contudo, logo logo essa prática se torna natural e passamos longe dos ultraprocessados do supermercado. Este é o tipo de ação que refletirá no futuro, na sua qualidade de vida.
APRENDA TÉCNICAS BÁSICAS DE CULINÁRIA.
Ter autonomia na cozinha é libertador. De verdade! Abrir a geladeira e não ter nada pronto para comer pode ser desanimador; mas não será se você souber minimamente “se virar” na cozinha. Você não precisa ser uma masterchef, nem fazer pratos super elaborados; você precisa saber as técnicas básicas, para preparar um alimento saudável, nutritivo e gostoso. A Rita Lobo, do site panelinha.com.br, tem um canal no YouTube cheio de dicas pra quem quer ter essa autonomia. Vale tirar o tempo e aprender algumas coisas. Ela cita seis ingredientes culinários que é sempre bom ter na geladeira e que salvam uma refeição:
- Ervilha Congelada
- Grão de Bico
- Tomate Pelado
- Polenta Instantânea (não é ultraprocessada, leia o rótulo antes de comprar)
- Sardinha em lata (aquela que só tem sardinha, óleo e sal)
- Ovos
Com alguns cliques no celular é possível encontrar diversas receitas com esses seis ingredientes que são fáceis e rápidos de preparar, sem muitos utensílios e nem muita prática.
TENHA ALIMENTOS IN NATURA NA GELADEIRA.
É sempre bom ter curingas na geladeira e no congelador para evitar a tentação de comer um ultraprocessado. Ao disponibilizar os alimentos no refrigerador, inclusive ter sempre frutas e legumes à mão, te condiciona a escolhê-los em substituição aos produtos prontos, que são meramente imitação de comida.
A partir do momento que aprendemos a fazer escolhas melhores, saudáveis, nosso paladar se acostuma à comida de verdade e o sabor do ultraprocessado se torna muito marcante, fazendo que com que o deixemos de lado, por não gostar mais. Experiência própria!!
A juventude não dura para sempre e nosso corpo vai cobrar o custo do uso que fizermos dele. Ter uma alimentação equilibrada, adequada, evitando ultraprocessados, fará imensa diferença na qualidade de vida no futuro. Aprender a usufruir dos produtos que Deus nos deu e saber utilizar as ferramentas culinárias, traz MUITA autonomia e liberdade. Vale a pena investir um tempo de estudo sobre isso!
Finalizo com uma frase norteadora do livro do Michael Pollan:
“Coma comida. Não em excesso. Principalmente vegetais.”
E seja feliz ao cozinhar!!
Joice Waier