Você já pensou na diferença de uma panela e uma frigideira?
O que uma tem e a outra não, pelo menos na maioria das vezes, é a tampa. Mas, qual a relação disso com o nosso texto?
Eu costumo dizer que podemos ter sim, grupinhos de mais intimidade, isso é normal, nossa própria família é um deles, mas precisamos estar abertos a receber novas pessoas, precisamos ser frigideiras, sem tampa, sem bloqueios, onde as pessoas podem se aproximar.
Muitas vezes queremos ficar no nosso grupinho de intimidade porque é confortável, porque sabemos que quando mais alguém entrar isso vai exigir de nós atenção, tempo para se relacionar e conhecer a pessoa. E, possivelmente, nos tire da nossa zona de conforto, nos desafie. Na maioria das vezes, é isso que queremos evitar. Mas quando rejeitamos alguém, deixamos de lado ou não damos importância e atenção não estamos cumprindo com o mandamento de amar o próximo, consequentemente, de amar a Deus. Quando nos prendemos a um grupo de pessoas corremos o risco de perder grandes bençãos e aprendizados que vem do próprio Deus. A palavra de Deus é muito clara quando nos mostra que devemos ter comunhão, já que somos seres relacionais, pois a convivência com diferentes pessoas nos molda, desafia e edifica, além de termos a oportunidade de abençoar outras pessoas.
O texto de Filipenses 2.3–4 nos mostra que devemos agir com empatia: “Não sejam egoístas, nem tentem impressionar ninguém. Sejam humildes e considerem os outros mais importantes que vocês. Não procurem apenas os próprios interesses, mas preocupem-se também com os interesses alheios. (NVT)”.
Isso nos faz pensar em outro ponto sobre as panelinhas e sobre amizades. Quando falamos que a frigideira não tem tampa, ou seja, bloqueios, isso permite que pessoas entrem mas também que saiam e se relacionem com outros grupos. A amizade possessiva faz mal para ambos os lados, não somos donas de ninguém, nem mesmo dos nossos amigos. É preciso aproveitar todas as oportunidades de conhecer pessoas e nos relacionarmos com elas, ou será que queremos nos amoldar ao padrão desse mundo, nos relacionando apenas com quem tem algo para nos oferecer em troca? Com certeza, não!
E sim, conviver com pessoas é um desafio. Conhecemos o Deus criativo que fez cada uma de nós, diferentes umas das outras, com pensamentos, atitudes, manias, defeitos… nem sempre concordamos, nem sempre aceitamos, e isso é o que nos molda. É normal existir desentendimentos e controvérsias, mas precisamos aprender a lidar com sabedoria e empatia nessas situações. Filipenses diz que devemos considerar o outro superior a nós mesmos. Deus não se agrada quando a comunhão é quebrada, então sim, desentendimentos acontecem, mas precisam ser resolvidos logo, para não se tornar algo maior e mais doloroso. “E ‘não pequem ao permitir que a ira os controle’. Acalmem a ira antes que o sol se ponha, pois ela cria oportunidades para o diabo. […] Livrem-se de toda amargura, raiva, ira, das palavras ásperas e da calúnia, e de todo tipo de maldade. Em vez disso, sejam bondosos e tenham compaixão uns com os outros, perdoando-se assim como Deus os perdoou em Cristo.” Essa é a orientação de Paulo que encontramos em Efésios 4, e, o mesmo conselho se aplica a nós. Quando deixamos coisas mal resolvidas abrimos pequenas brechas ao inimigo, que vão aumentando com o passar do tempo e nos deixando vulneráveis as artimanhas do Diabo. Só a Palavra de Deus já basta, mas a revista Superinteressante publicou certa vez que dormir sem resolver as desavenças só piora a situação. A comunhão é o desejo de Deus para a humanidade, nosso dever é mantê-la com todo nosso amor e temor, para cumprir os mandamentos do Senhor.
O Salmo 133 é um texto pequeno, mas cheio de significados.
“Como é bom e agradável quando os irmãos vivem em união! Pois a união é preciosa como o óleo da unção, que era derramado sobre a cabeça de Arão e descia por sua barba, até a bainha de suas vestes. É revigorante como o orvalho do monte Hermom que desce sobre os montes de Sião. Ali o Senhor pronuncia sua bênção e dá vida para sempre. (NVT)”
Em uma análise rápida, o momento da unção, citado no verso 2 era algo marcante e especial na vida de um sacerdote, é uma benção em abundância derramada sobre um filho de Deus. Já no versículo 3 estamos falando sobre uma região árida, com escassez de água, onde o orvalho pesado que desce do monte Hermom é a fonte de vida de tudo que há nos montes de Sião. Quando vivemos em união é assim que Deus vê, como algo precioso, especial, que gera vida e paz ao nosso coração. E não só alegra o coração de Deus e o nosso, mas damos um testemunho àqueles que nos observam e não conhecem a Cristo, de que pertencemos a Ele, que temos diferenças mas o propósito e o amor que nos une é muito maior e vem de uma fonte inesgotável.
Por isso, assim como Paulo, encorajamos vocês, meninas de fé, “façam todo o possível para se manterem unidos no Espírito, ligados pelo vínculo da paz.” (Ef 4.3 NVT)
Que Deus nos abençoe e ajude a acabarmos com as tretas e panelinhas e a viver em comunhão e união!
Com carinho,
Jéssica Tehlen.