Uma das melhores sensações que podemos experimentar é aquela ansiedade boa, o frio na barriga diante de uma aventura a muito esperada. Fazer intercâmbio é viver isso 100% do tempo. Seja para trabalhar, estudar ou apenas passear, é uma experiência única em que trocamos o conforto de casa e da rotina pelo fascínio do desconhecido. Tudo o que você precisa para se jogar mundo a fora é um pouco de coragem, muita pesquisa e curiosidade para descobrir o que está além do que se pode ver pela janela.
Tive a oportunidade de estudar por 1 ano na cidade de York, na Inglaterra, de setembro de 2014 a setembro de 2015, pelo programa Ciências sem Fronteiras. Por ser uma cidade de tamanho médio, com relativamente poucos estrangeiros e brasileiros, pude vivenciar a cultura inglesa de forma bem imersiva. Entre as coisas que mais me encantaram estão o grande valor que os ingleses dão à sua história (York tem quase 2000 – sim, dois mil! — aninhos de idade e conta com muralhas e ruas medievais preservadas), e as maneiras educadas e simpáticas com os outros, as quais me surpreenderam muito positivamente.
Embora o Ciências sem Fronteiras esteja no momento suspenso para novos bolsistas, para quem é universitário há uma variedade de oportunidades. Desde convênios das universidades brasileiras (modalidade na qual o estudante tem isenção das taxas das universidades estrangeiras, mas precisa cobrir suas despesas pessoais), até bolsas oferecidas por instituições públicas e privadas do próprio país de destino.
A possibilidade de trabalhar durante os estudos varia de acordo com a legislação local, mas a maioria dos países concede permissão de trabalho de 20h/semana para quem tem visto de estudante. Alguns países na Europa, como Alemanha e Finlândia, oferecem cursos para estrangeiros gratuitos ou com taxas anuais bem simbólicas ministrados em inglês. Além disso, se você tem passaporte europeu, este é o momento de usar e economizar o dinheiro e tempo que o processo de solicitação do visto consome.
Algumas dicas para quem está pensando em colocar o pé na estrada:
- Aprenda o máximo possível do idioma do país de destino. Se o seu nível de domínio é básico ou iniciante, comece com textos simples, livros e programas infantis, e vá aumentando a complexidade à medida que se sentir confortável. Não é necessário conhecer todas as palavras de um texto para lê-lo, basta ter uma compreensão fluída do contexto.
- Pesquise tudo sobre a cultura do país e cidade onde vai morar. Lembre-se que você deve se adaptar aos costumes dos locais, não eles aos seus.
- Enquanto ainda está no Brasil, pesquise e compare os preços de tudo que pretende comprar, e não se esqueça de converter os valores. Nem tudo vale a pena comprar no exterior. Fique atenta a descontos e promoções das coisas que for precisar.
- Não deixe de viver a melhor experiência da sua vida prendendo-se a amigos, família e namorado. O tempo vai passar mais rápido do que você gostaria, e quando menos esperar já estará de volta — e nada mudará nas relações com as pessoas que te querem bem de verdade.
- Se puder optar por dividir a moradia com outros estrangeiros e nativos, ao invés de brasileiros, não perca a oportunidade. O ganho de fluência no idioma e enriquecimento cultural compensam os conflitos que possam surgir na convivência diária.
- Aprenda a cozinhar o básico. Comer fora todos os dias não é uma opção viável para a maioria dos intercambistas, e viver de comidas industrializadas e fast food, embora seja barato e prático, irá afetar sua saúde e resistência. Você estará sozinha em um país distante e se cuidar nesse período será mais importante do que nunca.
- Ainda falando em saúde, jamais deixe de fazer um seguro viagem, mesmo que não seja obrigatório. Peça a Deus para não precisar dele, mas ninguém está livre de acidentes e essa precaução pode salvar sua você e sua família de preocupações e gastos imensos.
É importante ressaltar que para aproveitar o máximo da sua experiência é necessário ter a cabeça aberta para o diferente. Você será introduzida a novos costumes e valores sociais, e embora sejam naturais as comparações com a nossa própria cultura, ver o outro sem preconceitos e olhares de crítica irá maximizar a experiência e maturidade que farão do seu intercâmbio um ganho para a vida toda.
Pronta para fazer as malas?
Giovanna Terra — Florianópolis/SC