Anne dos livros e Anne da Netflix: Existe diferença?
Se você está por dentro das séries famosas atuais, já deve ter, pelo menos, ouvido falar de Anne With An E. É uma série linda, confesso. A produção visual é esplêndida, enche os olhos com os mais belos cenários e o clima de interior transparece paz. Assistimos em família, inclusive com minha filha de 5 anos. A primeira temporada passou em um piscar de olhos, porque nos envolvemos na história e sempre ficávamos esperando o que aconteceria nos próximos capítulos. Caso tenha visto a série, é muito provável que tenha tido a mesma sensação: queria “maratonar” Anne With An E.
Entretanto… ao chegar na segunda temporada, comecei a observar uma série de comportamentos que não eram comuns no começo do século XX, que é quando se passa a história. Sutilmente surgiram conceitos feministas que, como cristã, me incomodaram. Então surgiu a questão “homossexualismo”, que fez um ‘click’ na minha consciência: será que é esse tipo de conteúdo que eu quero consumir? Será que está sendo saudável para minha filha assistir esse conteúdo e encher a cabecinha dela com esses conceitos, sutis, porém nocivos?
Sei que a série da Netflix não foi feita para crianças, embora a primeira temporada tenha sido muito inocente. Algo me incomodou enquanto assistia a segunda temporada: tem milhares de meninas assistindo essa série e absorvendo esses comportamentos como normais, embora seja contra o que a Bíblia diz… e isso me entristeceu profundamente. Uma pergunta ficou no meu coração: os livros, nos quais a série de TV foi baseada, que foram escritos por volta de 1900, abordaram essas mesmas atitudes? Não consegui acreditar que esses conceitos estavam inseridos na literatura, por isso decidi conferir diretamente na série de livros da Lucy Maud Montgomery.
As adolescentes do começo do século XXI (me incluo nisso!) eram fãs da Série Cris (autora Robin Jones Gunn), posteriormente Série Selena e depois Cris & Ted. Amávamos a Cristina Juliet Miller, sonhávamos em ter um Ted em nossas vidas e viver um romance à maneira de Deus. As meninas cristãs daquela época puderam ler esses livros e ter uma referência de conduta e fé. Foi um marco importante para aquela geração de adolescentes. Mesmo naquela época a história da Anne já existia, só que não era popular, visto que os livros foram popularizados recentemente por causa da série de TV. Ah! como eu gostaria de ter lido esses livros na minha adolescência, pela graça, beleza e conteúdo que carregam em suas preciosas linhas. E hoje eu quero encorajar você, querida menina, a conhecer a verdadeira Anne, a Anne dos livros, que não é a mesma Anne da Netflix.
São 8 livros sobre a vida de Anne Shirley e o filme é baseado apenas no livro 1: Anne de Green Gables. Baseada apenas, visto que tem diversas situações que são sequer cogitadas na literatura. Se você tem o hábito da leitura, vai saber que, em geral, os livros são muito melhores que os filmes e com este não é diferente.
Anne é uma menina ruiva, órfã, extremamente inteligente, sonhadora e muito falante, envolvendo-se em diálogos complexos e lindamente construídos. Ela é adotada por Marilla e Mathew Cuthbert e passa a viver na fazenda Green Gables. O texto é LINDAMENTE escrito, cheio de poesia. É simplesmente incrível a descrição que a autora faz dos lugares e a mente viaja por cenários e cores. O conceito de verdadeira amizade é muito presente e explica muito sobre o cotidiano daquele período histórico.
Entretanto, o mais lindo é que os livros são CRISTÃOS. Sim, do cristianismo mais puro e simples. São incontáveis notas de rodapé fazendo referência a textos bíblicos nos diálogos. Anne tem um vocabulário bíblico muito rico. Ela ora todos os dias e por diversos assuntos. Ela lê a Bíblia e aplica no dia a dia. Ela tem uma alma pura e inocente, sem maldade alguma, e isso é demonstrado no seu comportamento. A família vai à igreja e aprende muito nos sermões, conversando sobre isso quando voltam para suas casas. Todas as amigas frequentam a Escola Dominical e fazem isso com acentuada alegria. Anne é bem-quista entre todos e leva alegria para Avonlea, pois é isso que ela tem no coração. Sabe o que mais? Anne tem uma ‘alma-gêmea’, alguém em quem ela confia e confidencia seus segredos… e não é a Diana, melhor amiga. É a esposa do pastor!! Sim, a esposa do pastor é personagem importante por dois livros inteiros, sendo a líder que aconselha e aquela que está presente nos momentos decisivos.
Sobre Gilbert, personagem masculino que, desde o começo, parece ser aquele com quem Anne construirá uma vida: são TRÊS livros inteiros cortejando a menina que roubou seu coração. São quase 11 anos de amizade, para que Anne aceite assumir um compromisso com ele. Aos 22 anos apenas ela entende que ele é o príncipe dos seus sonhos. São onze anos sem beijos e abraços, nem mesmo outros namorados. Toda a adolescência vivida como deve ser vivida, com pureza, inclusive no olhar.
Destaquei um trecho que exemplifica o quanto a Anne dos livros é pura aos olhos de Deus e de todos que a rodeiam.
“Anne exercia sobre Gilbert a influência inconsciente que toda garota, cujos ideais são elevados e puros, exerce sobre seus amigos, influência esta que perduraria enquanto ela permanecesse fiel a esses ideais e que ela certamente perderia se um dia não fosse mais. Aos olhos de Gilbert, o maior encanto de Anne era o fato de que ela nunca se inclinaria às práticas fúteis da maioria das jovens de Avonlea, as pequenas invejas e mentiras, rivalidades, a palpável concorrência por ser a preferida. Anne mantinha-se longe de tudo isso, não de forma consciente ou planejada, mas simplesmente porque qualquer coisa do tipo era absolutamente alheia à sua natureza transparente e impulsiva, clara como um cristal em seus motivos e aspirações” (Anne de Avonlea, página 180).
É esse o tipo de caráter que gostaria que minha filha desenvolvesse. É esse o tipo de caráter que Deus gostaria que todas nós tivéssemos. Essa é a Anne dos livros.
Com muita beleza e poesia a autora propõe diálogos sobre a criação, sobre o pecado no mundo, sobre o céu, sobre a vida terrena, sobre o que Deus diz sobre diversos assuntos. Com muita beleza e poesia a autora descreve a criação e nos faz sonhar com aqueles lugares lindos e cheio de pureza e encanto.
“Suponho que é assim que a história soa em prosa. Mas é muito diferente se você a observar por meio da poesia… e eu acho que é melhor” (Anne de Avonlea, página 276). E eu também acho que a poesia destes livros vai te conquistar, assim como me conquistou.
Hoje você tem a oportunidade de escolher o que vai encher sua mente: conceitos distorcidos sobre feminilidade / masculinidade ou a beleza do que Deus criou e planejou.
A Anne dos livros pode te trazer uma perspectiva diferente sobre vida cristã, que não se encontra na Anne da Netflix. Eu opto pelos livros porque os conceitos que quero inculcar na minha mente são aqueles que a Bíblia pontua como excelentes “[…] tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas” (Filipenses 4:8). Os livros da Lucy Maud Montgomery preenchem todos esses requisitos.
Dê a si mesma esta oportunidade: leia os livros e faça essa análise, comparando “as Annes”. Você mesma pode decidir qual delas quer ter como exemplo.
OBS: a série de livros está com preço excelente na Internet. Em diversos sites você consegue comprá-los por R$ 10 a unidade. Garanto que vale o investimento!! Aqui um exemplo de box.
Joice Waier
PS: Gosta de Séries de Livros? Então você precisa saber sobre a Série Cris e o porquê você tem que ler esta série de livros