Em fevereiro de 2015, o Estadão de São Paulo fez uma campanha com esta afirmação: Somos todos corruptos! Esta frase de impacto choca e desafia ao leitor a fazer uma troca de papeis; ao invés de tratarmos pessoas distantes como corruptos, apontamos o dedo para alguém mais próximo: nós mesmos.
Apontar o dedo para as falhas do outro é mais comum e antigo do que você imagina. É a conhecida síndrome de Adão e Eva, onde um aponta o erro do outro para desfocar da sua responsabilidade. Por isso, que diversas vezes, nos tornamos críticos do erro dos políticos, dos juízes, dos professores, dos colegas de trabalho; apontar o erro do outro faz com que eu alivie a minha mochila e não precise confrontar as minhas falhas que contribuem para a corrupção generalizada…
Certa vez, li um artigo que me intrigou, onde o autor falava: “Topamos todos os dias em exemplos de crimes e desvirtuamentos éticos cometidos por nós mesmos: não emitir nota fiscal, pegar a contramão na saída da igreja para não ter que esperar pelos que estão à frente, receber troco errado, jogar lixo na rua, usar carteira de estudante de outra pessoa, pegar sacolas a mais no supermercado, comprar produtos falsificados, plagiar trabalhos da faculdade, avisar a outro que desvie de uma blitz, imprimir trabalhos pessoais no emprego ou mesmo levar um clipe pra casa… Ou que tal ainda ensinar um filho a fazer algo certo para que ele receba uma recompensa?”[1]
No Brasil, como somos excessivamente criativos, até conseguimos dar um nome “mais suave” para a corrupção: o jeitinho brasileiro. Já ouviu sobre isso, né? Um amigo, [2] certa vez postou em seu facebook:
“Abandone o jeitinho brasileiro do qual você tanto se orgulha. É indecente e imoral furar fila, sonegar ou fraudar impostos, iludir ou enganar (no trânsito, nas “importações”, nas provas…), desconsiderar ou desacatar idosos, moradores de rua, balconistas, faxineiros e tantos outros comportamentos corriqueiros em terras brasilis. Mesmo o que não for crime, se for imoral ou indecente, abandone. Ninguém aguenta mais!”
Quando olhamos para esta “corrupção aceitada” e “abusada livremente” onde nós somos os protagonistas, somos desafiados a vestir as roupas da vergonha e parar de apontar o erro “do outro” e passamos a levantar a bandeira que diz: “Tem misericórdia de mim, óh Deus, pois sou o mais corrupto de todos”.
A Bíblia, como sempre, é o livro mais atual e revelador que existe. Onde afirma: “O coração é enganoso e incurável, mais do que todas as coisas; quem pode conhece-lo? Jr. 17.9 (Ou em outra versão: desesperadamente corrupto – sua doença é incurável).
Se meu coração é corrupto, e sei que é – qual é a minha saída?
1) RECONHECIMENTO = reconheça;
Biblicamente, entendemos que somos pecadores, e que até a nossa morte viveremos em confronto constante contra a nossa carne. Por isso a cada dia, devemos viver em comunhão com o Pai para que Ele nos leve a viver uma vida em santidade. Parafraseando John Newton – autor do hino amazing grace – podemos dizer: “Sou um grande pecador, mas tenho um grande Salvador”.
2) ACEITE O PERDÃO.
- Como do oriente se distancia do Ocidente, assim ele afasta de nossas transgressões (Sl. 103.12)
- Eu, eu mesmo, sou o que apago as suas transgressões por amor de mim, e não me lembro dos teus pecados (Is. 43.25).
Somos pecadores, mas se arrependidos, podemos trilhar a novidade de vida: Ele nos perdoou, por isso, embora corruptos, somos justificados através do sangue de Cristo. É assim que Deus nos vê: Pecadores perdoados.
Não sejamos meros acusadores de pecados alheios, mas pessoas que se examinam e se reconhecem como grandes pecadores que precisam de um grande Salvador. Que esta resolução de Jonathan Edwards, feita quando ele tinha 22 anos, seja um incentivo para nós:
Resolvi agir e falar, em todas as circunstâncias, como se ninguém fosse tão vil quanto eu, e como se eu tivesse cometido os mesmos pecados ou tivesse as mesmas fraquezas e defeitos de outras pessoas. Resolvi que deixarei que o conhecimento dos defeitos delas contribua apenas para que eu me envergonhe de mim mesmo, e me permita uma ocasião para confessar meus próprios pecados e minha miséria a Deus.
3) REPASSE O PERDÃO;
Assim como você foi perdoado pelo Senhor, repasse o perdão aos que te cercam. Use sua história para aproximar pessoas de Cristo. Lembre-se da história de Davi, no Salmo 51, quando seu pecado foi confrontado, ele se arrependeu e disse: “Devolve a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espirito obediente; para ensinar teus caminhos aos transgressores e eles também poderão voltar a ti”.
[1] http://blog.opovo.com.br/cotidianoefe/e‑verdade-somos-todos-corruptos/
[2] Felipe Coutinho.