Olá, Meninas de Fé. É com muita alegria e com gratidão a Deus que compartilho com vocês a nossa história de amor, porque não é só a história de um casal que se conheceu, namorou e se casou. Na verdade, é também a nossa trajetória de vida, de crescimento e envolveu muito mais do que aqueles jovens e alegres corações imaginavam quando sentiram o palpitar na primeira troca de olhares.
E começou há muito tempo atrás, no longínquo ano de 1992. Conheci o Carlos, meu eterno namorado, através da prima dele, Beatriz, que era minha colega na escola. Eles, de origem alemã, moravam na bela e bucólica Colônia Nova, distante uns 45 quilômetros da cidade, lá faziam parte da Igreja Evangélica Irmãos Mennonitas, onde até hoje cultivam a tradição de haver cultos em alemão. Carlos e eu tínhamos 19 e 17 anos, respectivamente. Foram alguns meses de amizade e muitas conversas, algumas flores de remetente secreto até início do namoro. No entanto, havia um problema sério aí, pois eu não conhecia Jesus.
Sempre fui católica e não que eu fosse resistente ao Evangelho, mas este nunca foi me apresentado antes. No início do namoro, tudo parecia muito bem, pelo menos para mim. Como ele morava longe, nos víamos aos domingos quando ele ia na minha casa e passávamos o dia inteiro juntinhos. Nas segundas-feiras, escrevíamos cartas um para o outro e como o serviço dos correios não era lá essas coisas, às vezes só as recebíamos depois de termos nos visto de novo na semana seguinte, mas era uma rotina apaixonante. O que eu não sabia, porque ele não queria me aborrecer contando, era que nosso namoro não era motivo de alegria na família dele, por eu não ser cristã evangélica e também porque sua família de origem alemã não era muito favorável à miscigenação, como resultado disso não haviam “brasileiros” nela. Eu não sabia também que nosso relacionamento havia rompido com a paz na família e as discussões dele com seus pais eram constantes. Aquele namoro que para nós era motivo de tanta alegria, para ele já estava sendo um peso pois andava em desobediência aos seus pais e isso trazia sofrimento. Então um dia, quando sua irmã, hoje minha querida cunhada Eve o aconselhava na Palavra, disse-lhe: “Você gosta mesmo da Rejane? Quer ela mesmo? Então você deve entregá-la para Deus!”- falou com a Bíblia aberta em sua mão, elevando o braço para cima como posição de entrega. Naquele momento, ele, em meio a choro e coração contrito fez a oração que, eu creio, foi a intercessão pela minha salvação… entregou-me à Deus!
O tempo foi passando e as coisas mudando uma vez que Deus estava, agora, envolvido no processo. Mas digo, no primeiro momento e a olhos humanos, a mudança não parecia ser favorável. Carlos conseguiu uma improvável chance de estudar nos Estados Unidos, mas como o improvável é fácil para Deus, assim aconteceu. Passados alguns meses, ele embarcou para Fresno, na Califórnia para estudar inglês e, se conseguisse bolsa, cursar faculdade. Meu coração parecia secar de tanta tristeza! E então, como meu pai descende de japoneses e por isso eu tinha facilidade em ir morar no Japão, assim o fiz. Um mês depois da partida do Carlos, era a minha vez de dar adeus ao Brasil, na companhia do meu pai. Então, Carlos nos EUA, eu no Japão e um oceano nos separando. Continuávamos namorando, por cartas e telefone porque (pasmem!) a internet não era popularizada ainda, mas cartas demoravam 12 dias para chegar e ligações internacionais eram caríssimas. O Carlos foi então, me visitar em dezembro de 93 e foram dias maravilhosos, mas depois de sua partida e nos meses de sucederam, a solidão e a saudade eram companheiras muito cruéis.
Algumas vezes rompíamos por telefone, e depois, reatávamos também por telefone ou carta e, pensando nisso agora, era uma situação cômica até, mas no mesmo tempo em que parecia ser uma relação que não fazia sentido, porque achávamos que 4 anos era uma eternidade para esperar, ficarmos sem um ao outro parecia ter menos sentido ainda. Até que após um desses rompimentos, mudei de emprego e fui morar sozinha em outra Província, assim, fiquei sem contato com o Carlos por um ano e meio. Durante este tempo, Deus reservou algo muito especial para mim, pois ao voltar a morar em Saitama com meu pai aceitei o convite de meu irmão para conhecer a igreja em que ele congregava. Depois dos cultos as pessoas saíam para almoçar e passavam o domingo inteiro em comunhão e eu fui gostando cada vez mais disso tudo e daquelas pessoas, a maioria jovens de todo o lugar do Brasil, pois era uma igreja brasileira. Cada palavra, de cada ministração pareciam dirigidas somente para mim e entravam no meu coração como flechas. Nem sei dizer ao certo quando minha conversão se deu, mas um dia eu soube que não poderia mais viver sem Jesus, e nem sabia como tinha vivido sem Ele até então. Foi arrebatador! Meu batismo aconteceu poucos meses depois nas águas do Oceano Pacífico.
E como Deus não faz nada pela metade, aconteceu que alguns meses antes o Carlos, ao voltar ao Brasil durante suas férias, visitou a minha família. Minha mãe concordou em dar o telefone do meu pai a ele. Passados alguns meses, o Carlos ligou para meu pai e para a sua surpresa — e a minha também, claro — eu atendi! A partir dali começamos a conversar novamente e eu, já nova criatura, senti aquele amor novamente. Na verdade, nunca o havia esquecido, tampouco ele, mas já não doía mais porque eu tinha um Amor Maior. Decidimos, então, voltar juntos para o Brasil, pois meu pai já havia retornado, e eu estava morando sozinha novamente, mas ainda havia um empecilho: sua família e o fato de eu não ser alemã. O temor da rejeição ainda me preocupava. Um mês antes da partida, recebi uma ligação do Carlos, falando da possibilidade que ele tinha de fazer um mestrado na mesma instituição que o formara, mas isso demandaria mais 2 anos de separação e que ele havia decidido encarar o desafio. Mais uma vez magoada e com a passagem na mão, decidi voltar ao Brasil sozinha, na data já marcada, pois já tinha até pedido demissão no trabalho. No entanto, voltei atrás quanto ao meu tempo de estada no meu País, voltaria ao Japão em 2 meses, desta vez para ficar e retomar um pedido de cidadania que havia iniciado o processo há alguns anos. Desta forma rumei para o Brasil para passar férias e rever meus parentes e amigos.
Já em casa, fui em um culto e encontrei a Eve, irmã do Carlos que disse que sabia que eu estaria na cidade e me mostrou uma carta que ele tinha mandado para ela e que falava o quanto sentia não poder ter ido comigo, fiquei comovida e muito confusa. Para a minha surpresa, no Ano Novo ele me ligou e disse que estava voltando para o Brasil também, e pediu que eu o esperasse. Então, adiei a data da minha passagem de volta ao Japão. Muito ansiosa, fui esperá-lo no aeroporto no dia de sua chegada e foi como nunca tivéssemos saído de perto um do outro. Alguns dias depois era meu aniversário e além de rosas, ele me deu um anel de diamante e me pediu em casamento. Nunca mais voltei ao Japão… dei meus móveis para uma amiga e pedi a meu irmão para pegar meus pertences. Em 2 meses ele conseguiu trabalho aqui em Santa Cruz do Sul e 5 meses depois nos casamos.
Não houve problemas maiores com a família dele e hoje amo os seus pais, meus sogros, como se fossem os meus, assim como toda a sua família e sei que é recíproco, pois Deus faz tudo com perfeição age nos relacionamentos. Da nossa união nasceram nossos amados filhos André e Marcos. Trabalhamos com jovens e adolescentes por 10 anos por onde o Senhor nos levou, agora entendemos que é tempo de ver outras coisas, pois nosso filho já é um adolescente. Vivemos firmes no Senhor e crescendo nele.
Eu poderia dizer: “E viveram felizes para sempre”? Bem, até aqui nos ajudou o Senhor e esses 17 anos em que estamos casados tem sido os melhores de todos. Meu desejo e oração é que esse relato possa, de alguma maneira, inspirar algumas vidas e convencer de que não há paz nem finais felizes se o motivo da sua alegria e satisfação não estiverem em Deus, de acordo com a Sua vontade.
Beijão, lindas!
Com carinho
Rejane Sudo Esau
Indicação História: Helen
*Queridas FéMeninas, o testemunho acima é para edificar a sua vida mostrando a fidelidade de Deus, no entanto baseie sua fé na Palavra de Deus. Testemunhos são experiências particulares que não podem ser usados como padrão para ação de Deus na sua vida. Deus tem uma forma particular para agir na vida de cada pessoa do corpo de Cristo.”